Trabalhadores do Cone Sul precisam de agenda conjunta

PACTU

( Maria Eduarda Balbinot especial para CUT-PR )
Trabalhadores do Cone Sul precisam de agenda conjunta
II Seminário sobre a Situação da Classe Trabalhadora na América Latina, realizado pela CUT, centrais e entidades internacionais, em Foz do Iguaçu, debateu desafios e propostas e teve mensagem de Pepe Mujica

Lideranças do mundo do trabalho e da academia reunidos nesta sexta-feira (2) debateram a Situação da Classe Trabalhadora na América Latina. O II Seminário Internacional sucedeu o grande ato realizado em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira, com a presença de representantes de países do Cone Sul. Uma das frentes da conferência é a necessidade de uma agenda conjunta.

O seminário, realizado na Universidade Federal de Integração da América Latina (Unila) e organizado pela CUT-Paraná, pela Confederação Sindical das Américas (CSA) e pela Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS). teve uma mensagem especial do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, para os participantes do 1º de Maio Internacional e do Seminário.

“Quando se assume uma responsabilidade tão importante como é a organização social dos trabalhadores, há um dever que está acima dos demais deveres. Não é para nos tornarmos ricos, nem para brilhar na honra formal de nossa sociedade. É para tentar cumprir, em profundidade, com esse sentido comunitário que a espécie possui, que é conjugar a individualidade inevitável que cada um de nós representa com o ser coletivo que nos abriga, que se chama sociedade. Vocês podem trair a si mesmos. Mas jamais deveriam cometer a infâmia de trair os interesses gerais daqueles que gastam sua mente e suas mãos em trabalhos assalariados para poder viver”, disse Mujica na mensagem endereçada aos participantes.

Veja a mensagem de Pepe Mujica:
 

O secretário-geral da CUT Brasil, Renato Zulato, foi um dos painelistas da mesa de abertura. Ele traçou um histórico recente da situação brasileira. “Tentaram destruir o movimento sindical durante o governo Temer, com o golpe na presidenta Dilma, depois com o desgoverno que veio na sequência. Não conseguiram, nós resistimos. Companheiros da Argentina estão passando por um momento difícil. Nós também. Elegemos o presidente Lula, mas não temos maioria no Congresso. Ano que vem, ou elegemos Lula, ou volta a extrema direita”, disse o dirigente.

Zulato ainda destacou a marcha da classe trabalhadora que antecedeu o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. “Tivemos, no dia 29, uma grande plenária da classe trabalhadora com as centrais sindicais, onde realizamos uma grande marcha em Brasília. Lula disse ainda no seu primeiro mandato: ‘Não achem que eu vou dar uma canetada e mudar a situação dos trabalhadores, vocês têm que ir à rua, pautar e cobrar do governo’. Isso foi no primeiro mandato, quando a situação não era tão difícil quanto agora. Entregamos a nossa pauta ao governo com 26 itens, como a redução da jornada sem redução de salário. É muito importante nós, trabalhadores, no Brasil e na América Latina, estarmos unidos”, aponta.

O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, citou o período de um novo mundo do trabalho, caracterizado pelo avanço da chamada "pejotização", o crescimento das plataformas e, com isso, uma onda de precarização. “Este é um cenário que assola todo o mundo e nós sentimos o peso deste avanço do capital aqui em nossos países do Cone Sul. Paralelamente, o avanço da extrema direita nos coloca outros desafios e mostra um cenário de incertezas e instabilidade em diversos países”, comentou.

De acordo com ele, a situação precisa ser debatida de forma ampla e conjunta. “Temos trabalhado, de forma incansável, com as centrais sindicais do Cone Sul na formulação de propostas, debates e teses que possam auxiliar essas ações e também essa união entre os trabalhadores e trabalhadoras destes países. Tentativas de golpe, redução de direitos, ataques à democracia e outros pontos que estamos vendo não apenas no Brasil, mas em toda a América”, completou Kieller.

Ao longo do dia, estes e outros temas foram debatidos a partir da visão de lideranças de sindicatos e centrais sindicais, além de representantes da academia e outros setores da sociedade. Entre eles participaram o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro; o desembargador do trabalho, Célio Horst Waldraff; a Reitora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Diana Araujo Pereira, a vereadora de Cascavel, Bia Alcântara; o representante do Ministério do Trabalho, Roberto Padilha Guimarães e o representante da CCSCS, representando Quintino Severo, Alexandre Bento.

 

Fonte: CUT PR

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